domingo, 25 de maio de 2014

Forças da Empresa Familiar



Forças da Empresa Familiar



1.    Ambientação 

 
Duas forças surgem do fato de existir uma família que deseja continuar como tal e prosseguem por meio do vínculo de união cultural: união e compromisso.
Na família, surgem de forma natural as capacidades necessárias para atingir os objetivos de aperfeiçoamento dos seus membros e de continuidade. Por isso, as famílias bem organizadas são uma escola de virtudes, entre as quais se destacam duas: a união (que se revela por meio de interesses comuns, de uma autoridade reconhecida, uma confiança mutua, a comunicação, da identificação e da flexibilidade) e o compromisso (que se expressa, por sua vez, por meio da entrega a um ideal, do sacrifício pessoal, da exigência pelo melhor e do pensamento a  longo prazo). 


Quando se perdem essas virtudes por causa de uma profunda deterioração da família proprietária ou porque a empresa se envolve com muita frequência em armadilhas, a empresa corre o gravíssimo risco de passar rapidamente do ótimo ao péssimo, de transformar a união em desunião e o compromisso em abstenção com uma consequente série de fraquezas. Essas debilidades são frutos da desunião (o conflito de interesses, a divisão em facções, o receio, as fofocas, o ódio pessoal e a resistência à mudanças) e da abstenção (a recusa em se entregar, reclamação por sacrifícios, refúgio de familiares desempregados, o pensamento de que o importante é hoje).

2.    Análise das principais forças da empresa familiar

 
A união entre as pessoas, a harmonia das suas preferencias e modos de agir fazem com que surjam interesses comuns entre os membros da família que  são proprietários. Além disso, fazem com que haja uma autoridade reconhecida e as “segundas intenções”. Por outro lado, se existem união e confiança, há facilidade na transmissão de informações e sua compreensão, possibilitando intensa comunicação, espontânea e sem barreiras. Todos esses pontos são muito importantes em qualquer empresa, pois aplicam simplificação da elaboração de responsabilidades, os modos de integração entre os dirigentes e as autoridades, a delegação e os níveis de autonomia que lhes conferem, os sistemas de informação e de controle, etc.


O compromisso e a vontade de uma dedicação intensa e prolongada conduzem todos a um esforço para conquistar o bem do grupo, para se auto-exigir, desafiando a si próprio, a fazer cada vez melhor e para se dedicar mais do que reclamar. Esse compromisso, para qualquer empresa, é uma das mais intensas e elevadas motivações, que pode substituir várias motivações negativas e extrínsecas, frequentemente presentes nas empresas e potencializar o efeito dos adequados sistemas de remuneração, formação e oportunidade de carreira profissional.

3.    Armadilhas da empresa familiar

 
As empresas familiares são os alicerces do desenvolvimento econômico e muitas delas alcançam posições de liderança nos setores em que atuam. No entanto, atualmente, além de terem dificuldades para crescer e atingir formas organizacionais sofisticadas, elas apresentam baixa expectativa de vida em comparação às empesas não-familiares e elevadíssima taxa de mortalidade.


São várias as causas que explicam a elevada mortalidade das empresas familiares. Muitas vezes são as mesmas razões, como crises econômicas, mudanças no ambiente, inovações tecnológicas etc., que provocam o desaparecimento das empresas não-familiares. No entanto, pode-se dizer que existem riscos, próprios das empresas familiares, e que muito frequentemente as fazem sofrer, aos quais denominamos grandes armadilhas da empresa familiar.


Entre essas armadilhas, destacam-se as seguintes:


    1ª Armadilha: A confusão entre ser proprietário e ter capacidade para dirigir. Saber-se que a posse das ações ou cotas de uma empresa é adquirida por meio de compra, herança etc.;
    

  2ª Armadilha: A confusão dos fluxos econômicos. Consiste em não querer seguir as regras de mercado para a geração e a distribuição do valor agregado. A geração e a distribuição do valor agregado e os seus vínculos contratuais que formam uma empresa produzem os fluxos econômicos (quando ocorre alguma confusão que venha a se prolongar por muito tempo, relacionada às remunerações do trabalho, da administração e do operacional, a empresa familiar não sobrevive. Logo, esta variações devem ser praticadas pelo mercado, não sendo válidas políticas permanentes de remunerar os membros da família com valores inferiores aos nele estabelecidos e que poderá gerar futuros problemas no que tange a problemas motivacionais e de relacionamento);
 

  3ª Armadilha: A confusão dos lações afetivos, próprios, da família, com os laços contratuais, próprios e da empresa. Na família, você é avaliado pelo que você é, na empresa, pelo que faz;
 

    4ª Armadilha: O atraso desnecessário da sucessão. Uma sucessão bem-feita opõe-se à improvisação, ao pensamento de que “depois de mim, o dilúvio” ou ao desejo de querer “reinar depois de morto”. Deve-se preparar os outros e a si mesmo para superar o maior desafio e alcançar a maior grandeza de um dirigente: saber deixar as próprias responsabilidades e delega-las a tempo a alguém que lhe exceda em capacidades profissionais na empresa;

    5ª Armadilha: Considerar-se imune. Essa armadilha é a pior de todas para a empresa familiar. É a que leva  o dirigente à queda a qualquer momento e sem se dar conta das anteriores, com a consciência de que “somos inatingíveis”. Ou seja, as pessoas pensam que não cairão em nenhuma armadilha somente porque possuem os conhecimentos adequados e/ou porque têm atitudes apropriadas. 

    É importante estar convencido de que na empresa familiar não existe uma “vacina” imunizante que impeça as pessoas de caírem em armadilhas durante um período de tempo prolongado. Os problemas de cada empresa familiar, por estarem relacionados com  os do seu meio e os das pessoas da família proprietária, são múltiplos e variados, mudando tanto na forma como na essência, conforme o tempo passa, de maneira que chegam a se manifestar como se fosse problemas radicalmente novos.   


 Bibliografia:
Casillas, José Carlos; Vázquez, Adolfo; Díaz, Carmen. Gestão da Empresa Familiar: conceitos, casos e soluções. São Paulo:  Thompson Learning, 2007.

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